Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

terça-feira, 25 de março de 2014

Tabu (“Towelhead”, EUA, 2007)

Eu indico
Towelhead (EUA, 2007)

Jasira, uma garota de 13 anos, vive com sua mãe americana e o futuro padrasto, que está encantado com a crescente maturidade da garota. Por isso, sua mãe a envia para o Texas com seu rígido pai Libanês. Este trata de educá-la nos valores tradicionais da cultura muçulmana. Entretanto, Jasira segue sem saber muito bem o que fazer com sua sexualidade quando nota como seu corpo afeta os homens que a rodeiam, em especial seu vizinho (Aaron Eckhart), um atraente e intolerante soldado da marinha. Um filme de Alan Ball. 

Sedução, inocência e entrega:
Baseado no romance de Alicia Erian, provavelmente tão provocante quanto o filme, é uma história bem interessante sobre uma garota nova e bonita que vai viver situações de conflito e descobertas, afetando também as pessoas ao seu redor. Nunca sabemos que atitude a mesma vai tomar e isso deve deixar o espectador vidrado na trama, pois a curiosidade causada pelo tema sexualidade e sedução é quase sempre forte. Ficamos na expectativa de o quanto a garota é inocente e o quanto ela não o é. E isso se passa também com outros personagens, praticamente todos não parecem ser bons, mas também não tão ruins.
Alan Ball, vencedor do Oscar pelo roteiro de Beleza Americana (1999), toma a frente do filme com competência nos três aspectos: direção, roteiro e produção. A trama começa mostrando que a garota Jasira (Summer Bishil) chama a atenção do namorado de sua mãe, que comenta sobre depilação com a garota. Sua mãe reage de uma forma intrigante, culpando a garota e dizendo que ela anda demais com os seios empinados. A menina passa a viver na casa do pai, no Texas. Muitas situações interessantes ocorrem no filme, como a garota se masturbando ao olhar uma revista com mulheres peladas, assim como sua atenção em relação ao vizinho adulto e atraente, interpretado por Aaron Eckhart, protagonista de Obrigado por Fumar (2005) e vilão (Duas Caras) de Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008), um excelente ator por sinal, que está mais uma vez muito bem no seu papel. Alguns diálogos entre o dois são bem bacanas e mostram situações que devem ser mais comuns do que podem parecer, a primeira vista. A garota parece ter curiosidade, repulsa, pena e atração por ele, tudo ao mesmo tempo, o que é mais um ponto forte do filme: a forma como suas ações mostram cada um desses sentimentos transparecendo e como reação a outros acontecimentos e pressões. Uma cena interessante é quando a garota, não sentindo prazer no ato sexual com o namorado, mostra sua insatisfação e este acaba usando somente a mão, gerando um forte prazer nela; é intrigante, pois foi o vizinho adulto que tirou a virgindade da garota, com a mão, contra a vontade dela (caracterizando um estupro, mais uma temática abordada no filme).
Quanto aos outros personagens, como o pai exagerado e controlador, os colegas que a perturbam por conta de sua descendência e até sua vizinha grávida (Toni Collette) e cuidadosa para com ela, vão influir, positiva ou negativamente, nos acontecimentos. Até um namorado que a garota arranja, negro e por isso não apreciado pelo pai dela, terá o seu papel bem encaixado na história. E outros acontecimentos, como a Guerra do Golfo, que se passa na época do filme, exercem influência nas ações dos personagens. Para mostrar o despertar sexual de uma adolescente de 13 anos, e abordar outros temas fortes sem perder o contexto, tem que ter ousadia, cuidado e maturidade.

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Fontes:

quarta-feira, 19 de março de 2014

Inverno da Alma (“Winter's Bone”, EUA, 2010)

Eu indico
Winter's Bone (EUA, 2010)

Ree Dolly (Jennifer Lawrence), uma garota de 17 anos, vai em busca de seu pai desaparecido, para não perder a casa que fora dada por ele como garantia de liberdade condicional. Ao mesmo tempo em que terá que proteger sua família do despejo, ela se verá obrigada a enfrentar ameaças e desafios para descobrir a verdade sobre o seu pai. Escrito e dirigido por Debra Granik.

A frieza intensa:
Jennifer Lawrence parece estar no auge de sua carreira. No Oscar e no Globo e Ouro de 2013 venceu o prêmio de melhor atriz por O Lado Bom da Vida (“Silver Linings Playbook”) e recebeu mais uma indicação por sua atuação, neste ano de 2014, em Trapaça (“American Hustle”), no qual recebeu o Globo de Ouro. Também é a estrela da franquia “Jogos Vorazes”, na qual adquiriu muitos fãs. Mesmo assim, antes de tudo isso, veio Inverno da Alma, com sua primeira indicação como melhor atriz. Apesar de ter sido ofuscada pelo papel de Natalie Portman em Cisne Negro, na cerimônia e na mídia, a atuação de Jennifer Lawrence neste filme é excepcional.
Baseado na obra de Daniel Woodrell, de 2006, o filme recebeu quatro indicações ao Oscar 2011, inclusive melhor roteiro adaptado e melhor atriz. A trama é misteriosa e densa, onde uma adolescente, que cuida de seus dois irmãos pequenos, precisa encontrar o seu pai, procurado pela polícia, para impedir que a justiça tome a sua casa. Cada personagem vai cumprir seu papel no mistério, compartilhando a tristeza e a miséria preponderantes daquela pequena região, junto com todo o frio perceptível. Quase que podemos ser afetados pelo intenso frio sentido por eles.
A câmera tem tomadas bem focadas na personagem principal que, graças à atuação de Jennifer Lawrence, nos passa todos os sentimentos vividos e suportados por ela, até as variações destes. Até o sotaque dela combina com o universo habitado. Através de sua empreitada, sempre se mostrando persistente, todo o comportamento das pessoas ao redor é exposto, numa região onde todo mundo se conhece - ou é parente –, mostrando com ênfase que, diante da pressão, todos podem ser inimigos, mesmo que seja na atitude de frieza diante do problema alheio. A fotografia de Michael McDonough e o clímax bem interessante da trama são outras características que tornam este filme uma boa indicação.

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Fontes:

terça-feira, 18 de março de 2014

O Mágico (“L'illusionniste”, França, 2010)

Eu indico
L'illusionniste (França, 2010)

Animação que conta a história de um mágico-ilusionista dos anos 50, que luta para manter sua carreira, pois nessa época começam a despontar os shows de rock e o mágico acaba perdendo seu público para os roqueiros. Dirigido por Sylvain Chomet.

Animação francesa:
O diretor francês Sylvain Chomet é mais conhecido pela animação “As bicicletas de Belleville” (2011), indicada ao Oscar, mas existe também este maravilhoso filme, que também recebeu uma indicação de melhor animação e acabou vencendo o prêmio de melhor filme de animação do Cinema Europeu de 2010. Extremamente sensível, mostrando a história de um mágico em decadência, com pouquíssimas falas, mas muito significado nos sons e imagens que expressam as ações e frustrações dos personagens, trata-se de uma bela animação para adultos.
O protagonista se chama Tatischeff, um mágico ilusionista veterano que, embora desajeitado e calado, possui os talentos de sua profissão. É um mágico em decadência na Paris de 1959, diante do estouro do rock’n’roll que vai tomando mais espaço nos gostos da população, do que a sua velha mágica. Junto com uma garota que ele encontra num vilarejo escocês, parte rumo a Edimburgo.
O tema (artistas em decadência) não é original, mas quando retratado de forma tão sutil numa animação francesa, é como se tivéssemos vendo algo novo. A cena onde o mágico se separa do coelho que ele usada em seus truques (como o conhecido truque da cartola), é bem significativa e o cenário desenhado é caprichado. O animal gordo e briguento exita por um momento, pois assim como seu dono ele está indo para um mundo novo e sem promessas.
A parte técnica da animação merece também seu crédito, feita com traços manuais e sem perder a qualidade, retratando bem os lugares e, junto com a falta de diálogo e uma trilha sonora melancólica, acompanha a história com coerência.
O roteiro foi do cineasta Jacques Tati, que já havia falecido em 1982, quase 30 anos antes deste filme. Como uma referência e homenagem ao cineasta, existe uma cena onde o mágico entra no cinema e está sendo exibido um filme de Tati.

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Fontes: