Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

sábado, 14 de junho de 2014

9 Canções (Reino Unido, 2004)

Eu indico
9 Songs (Reino Unido, 2004)

O filme narra uma moderna história de amor, de um jovem casal ao longo de um período de doze meses em Londres, Inglaterra: Matt, um climatólogo britânico, e Lisa, uma estudante de intercâmbio americana. A história é construída a partir de uma reflexão pessoal da perspectiva de Matt, quando ele está trabalhando na Antártida. O filme retrata o casal assistindo a nove shows de rock, intercalados por cenas de sexo explícito. Dirigido por Michael Winterbottom.

Sexo, filmes e rock and roll:
Este é um filme britânico que varia entre cenas com show de rock e cenas de sexo explícito. São noves apresentações de bandas britânicas reais, ou seja, shows verdadeiros realizados na Brixton Academy, e para aumentar o realismo das cenas, o diretor arrisca em mostrar os momentos íntimos do casal da forma mais realista possível. Por motivos óbvios, foi controverso em seu lançamento, já que as cenas de sexo não foram simuladas (os atores transaram mesmo) e, na versão sem cortes, tudo é exibido sem filtro.
É importante ter discernimento suficiente para diferenciar um filme erótico e dramático de um filme meramente pornô. 9 Canções é um bom filme, mostra um casal em momentos de intimidade, com sua dose básica de romance e em seu auge sexual. Kieran O'Brien e Margo Stilley foram ousados no papel e merecem crédito, dando ao filme muita popularidade mesmo com conteúdo sexual explícito. Além disso, a narração de Matt é significativa, poética, fazendo até uma metáfora entre a Antártida e a relação a dois.
Com apenas 1 hora e 6 minutos de duração (na versão sem cortes), acabou se tornando o primeiro filme com cenas de sexo explícito que recebeu o certificado de exibição nos cinemas da Inglaterra, França e Irlanda. As cenas de sexo foram rodadas tendo presentes apenas os dois atores, o diretor, o câmera e o responsável pelo som.

Explorar a Antártida é como explorar o espaço.
Entra num vazio.
Vários quilômetros sem gente, nem animais, ou sequer plantas.
Isolado num continente vasto, vazio.
Claustrofobia e agora fobia no mesmo lugar.
Como duas pessoas numa cama.

As 9 músicas:
Black Rebel Motorcycle Club, "Whatever Happened To My Rock And Roll"
The Von Bondies, "C'mon, C'mon""
Elbow, "Fallen Angel"
Primal Scream, "Movin' On Up"
Dandy Warhols, "You Were The Last High"
Super Furry Animals, "Slow Life"
Franz Ferdinand, "Jacqueline"
Michael Nyman, "Nadia"
Black Rebel Motorcycle Club, "Love Burns"

Outros filmes:
Com ajuda de amigos no facebook montamos o seguinte top 20 de bons filmes com conteúdo sexual significativo:
1. Os Sonhadores (2002), de Bernardo Bertolucci. Neste blog:
http://eueatelona.blogspot.com.br/2014/08/sonhadores-dreamers-franca-reino-unido.html
2. A Cor da Noite (1994), de Richard Rush
3. Instinto Selvagem (1992), de Paul Verhoeven
4. 9 1/2 Semanas de Amor (1986), de Adrian Lyne
5. Mata-me de Prazer (2002), de Chen Kaige
6. Invasão de Privacidade (1993), de Phillip Noyce
7. Shame (2011), de Steve McQueen
8. Ninformaníaca: Volume 1 e Volume 2 (2013), de Lars von Trier
9. Emmanuelle (1974), de Just Jaeckin
10. O Amante de Lady Chatterley (1981), de Just Jaeckin
11. Calígula (1979), de Tinto Brass
12. Delta de Vênus (1995), de Zalman King. Neste blog:
http://eueatelona.blogspot.com.br/2015/09/delta-de-venus-1955.html
13. Perdas e Danos (1992), de Louis Malle
14. A Serbian Film - Terror sem Limites (2010), de Srdjan Spasojevic
15. Carne trêmula (1997), de Pedro Almodóvar
16. Coração Satânico (1987), de Alan Parker
17. Diabo no Corpo (1986), de Marco Bellocchio
18. Azul é a Cor Mais Quente (2013), de Abdellatif Kechiche.  Neste blog:
http://eueatelona.blogspot.com.br/2014/02/azul-e-cor-mais-quente-la-vie-dadele.html
19. Último tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci
20. Três Formas de Amar (1993), de Andrew Fleming

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Fontes:

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Asas do Desejo (Alemanha / França, 1987)

Eu indico
Der Himmel über Berlin (Alemanha / França, 1987)

Na Berlim pós-guerra, Damiel (Bruno Ganz) e Cassiel (Otto Sander) são anjos que perambulam pela cidade. Invisíveis aos mortais, eles lêem seus pensamentos e tentam confortar a solidão e a depressão das almas que encontram. Entretanto, um dos anjos, ao se apaixonar por uma trapezista (Solveig Dommartin), deseja se tornar um humano e experimentar as dores e alegrias de cada dia. Dirigido por Wim Wenders.

O Céu Sobre Berlim - SPOILERS (SEM REVELAR AS CENAS):
Provavelmente o melhor filme de anjos já realizado. O mistério da vida, da existência, tratados através do olhar de um anjo que chega a desejar ser humano. Como dito no título original, a trama predomina em Berlim, antes da queda do muro, e possui duas visões: a dos anjos e a dos seres humanos. Os anjos observam, escutando os pensamentos e vendo as atitudes dos serem humanos, sendo que todas as cenas onde existe a presença de um anjo são exibidas em preto e branco. Aos poucos entendemos a missão deles, tentando intervir nas ações dos humanos, como por exemplo quando um anjo “abraça” e consegue assim dar uma injeção de ânimo numa pessoa com pensamentos suicidas, dentro de um metrô. Uma lição de compaixão é transmita por estes atos. Logo pela mudança de pensamento do ser humano, vemos que o anjo foi bem sucedido, dessa vez. As cenas no âmbito terreno ficam coloridas e mostram o ponto de vista dos humanos. O filme fica rico de pensamentos interessantes, ao exemplo do velhinho que fica filosofando em seus pensamentos e desperta a enorme atenção de um dos anjos.
Sentimentos ruins diversos recaem sobre a humanidade, como saudade, angústia, dor, insegurança. Pessoas solitárias são acompanhadas pelos anjos Damiel e Cassiel, que tentam consolá-las o máximo possível, sendo até afetados por esses sentimentos que acompanham. Os próprios anjos, condenados ao tédio eterno, podem se questionar e desejar a encarnação. O drama vivido por eles é tão nítido e forte quanto o dos humanos. Com essas premissas, o diretor Wim Wenders conduz um filme contemplativo, que observa e comenta sobre a vida e a descoberta da própria identidade.
Além da alternância de cores, outros detalhes importantes podem ser observados: diálogos em várias línguas (alemão, francês, inglês) mostrando que os anjos acompanham a todos os seres humanos; nos créditos finais fica fácil perceber que somente os anjos possuem um nome no filme, os humanos são tratados por características, tais como “a prostituta jovem”, “o palhaço”, “o suicida”, “o homem próximo da morte”, etc. Ajuda a universalizar os diversos papéis e personagens no filme e mantém o ponto de vista predominante que é o dos anjos; e, no final do filme, há a participação de Nick Cave and the Bad Seeds ao som da canção “From Her to Eternity” para combinar com a cena.
Servindo claramente de inspiração para a produção americana “Cidade dos Anjos” (1998), com Nicolas Cage e Meg Ryan, assim como para a música “Stay (Far Away, So Close)da banda U2, que por sinal fez um clipe que contém cenas fortemente inspiradas neste filme de 1987 (talvez sejam as próprias cenas). A própria letra da música remete ao enredo do filme como nos trechos reproduzidos abaixo. Em 1993 foi lançada a continuação “In weiter Ferne, so nah!” (Tão Longe, Tão Perto), que possui o mesmo título da música do U2.

(...)
Você pode ir a qualquer lugar
Miami, Nova Orleans, Londres, Belfast e Berlin
E se você escuta, eu não posso te chamar
E se você pula, você está arriscada a cair
E se você grita, eu apenas posso te escutar
(...)
Três horas da manhã
Tudo está quieto e não há ninguém por perto
Apenas o estrondo e o ruido
Como um anjo que cai ao chão
(…)

“Stay (Faraway, So Close)” - U2

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Fontes:

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Taxi Driver (EUA, 1976)

Favoritos
Taxi Driver (EUA, 1976)

Em Nova York, um homem de 26 anos (Robert De Niro), veterano da Guerra do Vietnã, é um solitário no meio da grande metrópole que ele vagueia noite adentro. Assim começa a trabalhar como motorista de taxi no turno da noite e nele vai crescendo um sentimento de revolta pela miséria, o vício, a violência e a prostituição que estão sempre à sua volta. Após comprar armas, ele articula um atentado contra o senador (que planeja ser presidente). Dirigido por Martin Scorsese.

Clássico de Scorsese com De Niro:
Momento único é poder assistir a este filmaço numa sala de cinema. Desde 31 de maio (2014) a Rede Cinemark exibe clássicos do cinema em sessões especiais. Melhor ainda foi ver a sala cheia, muita gente atraída pela sessão de um filme de 1976, valorizando o clássico na telona. Filmes como 'Pulp Fiction' e 'Laranja Mecânica' estão no escopo. Em se tratando deste filme, uma nostalgia forte surge ao relembrar das cenas bem trabalhadas por Martin Scorsese e do personagem interessantíssimo interpretado por De Niro, obviamente uma interpretação espetacular já no início de sua carreira, pouco depois de sua presença forte em “O Poderoso Chefão: Parte II” (1974), de Francis Ford Coppola.
A narração do personagem Travis Bickle (Robert De Niro) é forte e realista, em talvez a maior interpretação deste ator, dizem até que ele chegou a tirar uma licença de táxi e estudar o sotaque das pessoas numa base militar. Como motorista de táxi, Travis vê muita coisa ao redor, nas ruas de uma Nova York na década de 1970, suja e com pessoas sujas no pior dos sentidos. O personagem admite estar entrando em depressão com tudo aquilo e chega a manifestar comportamentos contraditórios: leva uma bela mulher (a linda atriz Cybill Sheperd) pela qual demonstra forte atração e sentimento, já no primeiro encontro, para ver um filme pornô; por outro lado, tem momentos de altruísmo ao tentar ajudar uma prostituta de 12 anos (Jodie Foster, que tinha 14 anos na época) a largar aquela vida e voltar para a casa de seus pais. Seu plano para assassinar um senador é quase que o extremo de seu comportamento, mesmo decidindo também se tornar uma espécie de anjo salvador para a garotinha perdida.
Considerado um dos maiores filmes dos Estados Unidos, tornou-se um clássico e obra-prima de Scorsese, retratando a violência, solidão e alienação, com um argumento de Paul Schrader. Bernard Herrmann, conhecido por seu trabalho com Alfred Hitchcock, foi o responsável pela trilha sonora, que acabou sendo a última antes de sua morte. O som do jazz que permeia toda a trama combina com o drama vivenciado pelo taxista e ajuda a retratar a Nova York da época, que já vivia cheia de Táxis. O filme foi considerado "culturalmente, historicamente ou esteticamente significante" pela Biblioteca do Congresso dos EUA e foi selecionado para ser preservado no National Film Registry em 1994.
Fantástica a crítica política e social, numa abordagem que mostra a ansiedade em surgir um cidadão modelo, um herói, diante do fato de que as pessoas percebem toda a corrupção e sujeira ao redor, veem de perto os problemas dos outros, até os culpados, porém ninguém quer sujar as mãos para mudar este cenário. O desfecho nem deve ser contado, somente visto, mas podem se preparar para um clímax forte nas últimas cenas, o filme consegue até vagar entre o poético e o desastroso, ainda com a ironia presente nos filmes de Scorsese. O final é tão significativo que até hoje é lembrado sob diferentes interpretações. O filme recebeu quatro indicações ao Oscar: melhor ator (Robert De Niro), melhor atriz coadjuvante (Jodie Foster), melhor trilha sonora (Bernard Herrmann) e melhor filme.

Algumas curiosidades com PEQUENOS SPOILERS:
- Travis Bickle diz ser um veterano da Guerra do Vietnã, porém alguns críticos defendem que isso pode fazer parte da persona que ele adotou diante de seus problemas pessoais e psicológicos. Até porque o seu comportamento com armas e suas vestimentas ao estilo militar são suspeitas, embora não pareçam ser ruins;
- Taxi Driver fazia parte das fantasias e delírios de John Hinckley, Jr., os quais o motivaram a tentar assassinar o presidente Ronald Reagan em 1981, não sendo considerado culpado sob a alegação de insanidade. Hinckley declarou que suas ações eram uma tentativa de impressionar a atriz Jodie Foster, por quem era obcecado, tendo até imitado o corte de cabelo moicano que Travis Bickle usava no comício do candidato a presidência Palantine. Seu advogado concluiu sua defesa mostrando o filme para o júri;
- A última cena de Bickle fitando um objeto não visto deixa implícito que ele pode entrar em um estado raivoso e negligente no futuro, e que ele é como uma bomba-relógio. O roteirista Paul Schrader confirma isso no seu comentário do DVD de 30 anos do filme, dizendo que Travis "não está curado pelo final do filme", e que "ele não será um herói na próxima vez".

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Fontes: