Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

A Caça (La Caza, Espanha, 1965)

Eu indico
La Caza (Espanha, 1965)

Um grupo de amigos sai para uma caçada numa região que foi cenário de sangrentos conflitos durante a Guerra Civil Espanhola. Dirigido por Carlos Saura.

Obra rara de Carlos Saura:
Quando pensamos no cinema espanhol, temos que lembrar no mínimo dos diretores Luis Buñuel, Pedro Almodóvar e Carlos Saura. Este último, nascido em 1932, possui um leque de filmes interessantes, muitos premiados. Na oportunidade, posso indicar sem ressalvas os poucos filmes de Saura que pude conferir até então: Cría Cuervos (1975), prêmio especial do juri no Festival de Cannes; Mamãe faz cem anos (1979), nomeado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; Deprisa, deprisa (1980), Urso de Ouro no Festival de Berlim; e Ay, Carmela! (1990), vencedor de 13 Prêmios Goya.
A Caça” é mais um grande filme de Saura, quase uma raridade. Considerado uma parábola corajosa sobre a Guerra Civil Espanhola, ganhou o prêmio de melhor diretor (Urso de Prata) no Festival de Berlim de 1966. A ansiedade toma conta do espectador a cada minuto, num ensaio sobre ódio e rivalidade, por isso a comparação com a guerra. José, Paco e Luís são três amigos e veteranos de guerra que um dia decidem ir à caça na companhia de Enrique, de 20 anos de idade, em sua primeira excursão. Eles vão praticar o seu esporte favorito nas terras de José (caçar coelhos), onde não há muito tempo uma importante batalha da Guerra Civil ocorreu.
A amizade, desgastada por fatores mundanos, vai sendo substituída por sentimentos de inveja, ódio, maldade e cobiça. E como eles estão num cenário de guerra, armados e caçando animais indefesos, a expectativa de que alguém vai sair dos trilhos tomará conta dos espectadores mais nervosos. Diálogos bem colocados, com destaque para os pesamentos interiores dos personagens enquanto se preparam para caçar, também marcam este clássico do Cinema Espanhol.

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Fontes:

domingo, 19 de abril de 2015

A Onda ("Die Welle", Alemanha, 2008)

Eu indico
Die Welle (Alemanha, 2008)

Em uma escola na Alemanha, um professor precisa dar aulas sobre autocracia, mesmo sendo contra sua vontade. Para tornar a aula interessante, ele simula um governo fascista dentro da sala de aula. Logo os alunos criam um movimento, batizado de "A Onda". Dirigido por Dennis Gansel.

Estudo de caso:
Existem diversas formas não tradicionais de ensino. A academia moderna experimenta principalmente o envolvimento maior dos alunos, o debate e troca de conhecimento. Neste filme, Rainer Wenger (Jürgen Vogel) envolve os alunos numa dinâmica de ensino na qual, durante uma semana, eles terão que simular um governo autocrata (como o nazismo e o fascismo). Em pouco tempo, os aprendizes ampliam seu conhecimento sobre o assunto, se envolvendo de forma intensa com a idéia, até o ponto de criarem um movimento, “A Onda”. Podemos perceber alguns traços de democracia, dentro do grupo, como na escolha do nome a partir de propostas dos alunos. Um padrão de comportamento se estabelece, até na forma de se vestir. O grupo fica bem unido e os aspectos bons logo aparecem, como a disciplina, organização, obediência, postura e coesão do grupo. Um dos alunos coloca em prática seu talento e faz o desenho que será o símbolo do movimento. Porém, o forte desta ideologia, como sabemos, é o traço radicalista, uma política autoritária, que precisa se manter a qualquer custo. Daí o ódio e a violência como possíveis conseqüências que fragilizam o convívio humano dentro de um sistema assim.
Além de ser uma excelente aula sobre o assunto, o filme vai tomando um caminho interessante, coerente com o regime tratado, mostrando até que ponto as pessoas normais e acomodadas podem chegar quando os seus valores se tornam o reflexo de um sistema peculiar, neste caso, a partir de um governo forte e autoritário. As mudanças que rapidamente ocorrem no cenário, quando “A Onda” ganha força, é o ponto forte do filme. Existe um limite para tudo, sendo que é muito difícil perceber que o limite está para chegar. O movimento começa a se espalhar pela região, se tornando algo real, o perigo do fanatismo a ponto de se concretizar. Será que o professor vai perder o controle da situação? O diretor separou cada dia da semana como se fosse cada parte do filme, sendo assim, a cada dia, as coisas vão ficando mais interessantes com o crescimento do movimento.
Este filme alemão foi baseado num acontecimento real americano. Nos EUA, em 1967, o professor de história Ron Jones fez um experimento com seus alunos: ele impôs uma ambientação do nazismo em sua classe. O projeto durou uma semana e causou diversos problemas. Anos depois, baseado neste acontecimento, o autor Todd Strasser (sob o pseudônimo Morton Rhue), produziu o livro de ficção "A Onda", no qual este filme se baseia. O diretor Dennis Gansel adaptou bem os eventos para a Alemanha, nos dias atuais, onde a obra de Strasser é leitura obrigatória nas escolas. Podemos conferir essa atualização quando, no filme, os envolvidos com “A Onda” criam logomarca, myspace, websites e adotam uniforme padrão (branco) e até um cumprimento padrão. Aliás, o elenco ficou bastante convincente e ajudou a passar a sensação de realismo que todo o filme precisa ter.

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Fontes:

terça-feira, 14 de abril de 2015

The man from nowhere (Ajeossi, Coreia do Sul, 2010)

Eu indico
Ajeossi (Coreia do Sul, 2010)

O filme segue a história de um misterioso homem que parte em busca de sua vizinha, uma criança que foi raptada por traficantes de órgãos. Escrito e dirigido por Lee Jeong-beom.

Ação coreana:
Prova viva de que os coreanos estão sabendo fazer bons filmes de ação. Com o título “O Homem de lugar nenhum”, o qual caracteriza bem o personagem principal, este filme possui uma boa dose de tiroteio, lutas marciais e também apresenta uma interessante trama. Cha Tae Sik (Bin Won) é misterioso, fechado, de poucas palavras, o tipo de pessoa que evita a convivência. Logo vemos que existe um trauma de passado que justifica sua postura. Apesar de sua experiência como agente especial, com sua carga de mortes, ele não costuma se meter nos problemas dos outros. Até que um grupo de traficantes de órgãos leva a sua provável única amiga, a pequena vizinha So-mi (Sae-ron Kim).
Uma carga dramática pode ser percebida no seu relacionamento com a garotinha, que consegue algo raro do personagem principal, sua simpatia e amizade. Quando mexem com a sua única ligação sentimental com o mundo, ele resolve agir e quem quiser que fique no caminho.
Apesar de não ser uma proposta original, o filme conquista pela ação e pela forma como mostra a relação dos dois. Ela chamando ele de “tio” (que é o título original em coreado: “Ajeossi”), uma mania que as crianças orientais têm de chamar pessoas mais velhas. Ao contrário do protagonista, ela é divertida e busca de todas as formas uma proximidade com ele. Em pequenos gestos percebemos como ele gosta da garota. Além disso, muitos espectadores vão gostar de ver a máfia chinesa sendo disseminada na Coreia do Sul, depois de tentar o comércio ilegal de órgãos com a pessoa errada.

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Fontes: