Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

[ESPECIAL] Duas visitas privilegiadas

Ano passado tive a oportunidade de visitar a sala de projeção do Cinema do Museu, aqui em Salvador, Bahia. Muito legal observar e tentar entender as explicações do projecionista sobre como funciona o projetor de 35mm. Hoje em dia quase não existe mais este modelo de projetor, já que foi substituído aos poucos, desde 1999, pelo projetor digital, onde um filme cabe num HD externo.

Eu olhando a película de filme em 35mm, que passa
pelo projetor e se transforma em imagem em movimento
Agora uma breve explicação deste projetor de 35mm: para obtermos a sensação de movimento, precisamos ver uma sequência de imagens estáticas a uma velocidade mínima de 12 imagens por segundo. No cinema, essa velocidade é de 24 frames (imagens estáticas) por segundo. As películas de cinema são fitas que contém uma sequência de frames, que serão reproduzidas de forma que, a cada 1 segundo, 24 imagens sejam projetadas na tela. Ao lado dos frames fica a faixa de áudio, onde é gravado o som do filme, e nas bordas ficam os furos de tração, que se encaixam nos dentes de engrenagens (rodas dentadas) para movimentar a película pelo projetor.

Componentes básicos de um projetor
Projetor de 35mm

Já neste ano, aproveitei a ida a Nova York para conhecer um museu com coisas de cinema. Para quem é cinéfilo e tiver a oportunidade, recomendo visitar o Museum of the Moving Image, que fica no Queens. É o único museu nos Estados Unidos dedicado a “imagens em movimento”. Por isso, muitas exibições relacionadas a cinema pode ser vistas. Provavelmente é um dos melhores museus sobre cinema do mundo. Abaixo, algumas fotos que tirei no museu:

Exibição do filme O Cantor de Jazz (The Jazz Singer, 1927),
considerado o primeiro filme falado
Vários projetores antigos, evoluídos com o tempo
A boneca utilizada para a personagem em
O Exorcista (The Exorcist, 1973)
Cartazes de filmes mais antigos
Máquina para você criar sua própria animação
em stop motion
Uma das primeiras máquinas de exibição de filmes.
Na época, você pagava um níquel, encostava o olho e
girava a manivela para ver o filme passando
(à esquerda, provavelmente o primeiro filme do King Kong)
O ator James Jean (1931 - 1955), num
quadro com vários retratos de atores,
atrizes e diretores famosos
Para se guiar no museu
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Fontes:

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Love (França, 2015)

Eu indico
Love (França, 2015)

Murphy (Karl Glusman), é um estudante de cinema americano que mora em Paris. Lá ele conhece a jovem Electra (Aomi Muyock), com quem vive um amor profundo de dois anos que mudou sua vida. Agora, casado com outra (Klara Kristin) e com um filho, ele recebe uma ligação da ex-sogra, o que o leva a relembrar vários momento de sua relação. Dirigido por Gaspar Noé.

Sobre sexo e, sobretudo, o amor:
Grandes expectativas foram geradas quando anunciado este filme. O motivo? Seu diretor, Gaspar Noé, foi responsável por filmes controversos como Irreversível (2002) e Enter the Void (2009). Além disso, ele mesmo transmitiu que queria representar os “sentimentos” do sexo e a "dimensão orgânica” do amor neste novo trabalho. Para fechar, utilizou o formato 3D num filme com bastante conteúdo sexual explícito.
O filme tem cenas reais de sexo, ou seja, os personagens realmente transaram e, assim, todo o realismo está ali, assim como foi feito em filmes anteriores, como 9 Canções (Reino Unido, 2004), também postado neste blog:
http://eueatelona.blogspot.com.br/2014/06/9-cancoes-reino-unido-2004.html
Não é um filme pornográfico, é de fato um filme que fala do amor e suas complicações, através de adolescentes apaixonados que estão experimentando sensações e aprendendo com esse sentimento e com o sexo que, é claro, vem junto. O que o diretor queria passar é que eles não estão meramente fazendo sexo, eles estão fazendo amor. Essa é a chave para entender e valorizar o filme. Numa das experimentações relacionadas a sexo que os personagens vivem, é uma cena na qual participa uma transsexual brasileira (Stella Rocha), que na vida real vive mesmo em Paris.
E o 3D? Como na grande maioria dos filmes, não impressiona, embora exista uma cena de sexo que aproveita o recurso para dar mais uma despertada no expectador. Não tem como esquecer essa cena, que tem causado muitos comentários na mídia.
Para quem gosta também de filmes polêmicos, é uma boa pedida. Cenas de sexo explícito recheiam a trama, melhor ainda quando lindas atrizes estão no meio, uma da Suiça (Aomi Muyock) e outra da Dinamarca (Klara Kristin). A trama é contada como um flashback, através da narrativa introspectiva do personagem principal, que achei bem interessante. Noé parece ter se envolvido bastante com o trabalho, ele até emprestou seu sobrenome para um dos personagens, que se chama Gaspar.

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Fontes:

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Respire (França, 2014)

Eu indico
Respire (França, 2014)

Charlie (Joséphine Japy) tem 17 anos. A idade das paixões, das emoções, das convicções. Educada e bem-comportada, Charlie é imediatamente atraída por Sarah (Lou de Laage), a nova aluna da escola. Encantadora e de temperamento difícil, ela se aproxima de Charlie. Íntimas, as jovens dividem intimidades e segredos até que, um dia, seu relacionamento começa a mudar, podendo gerar consequências trágicas. Dirigido por Mélanie Laurent.

Respire fundo:
Mélanie Laurent encarou a direção deste grande filme depois de muitas experiências como atriz. Por exemplo, ela chegou a atuar em Bastardos Inglórios (2009, de Quentin Tarantino), Trem Noturno para Lisboa (2013, de Bille August) e O Homem Duplicado (2013, de Denis Villeneuve). Ela é uma lida atriz que não tem como não ser percebida nas telonas.
Este filme é baseado no romance da autora francesa Anne-Sophie Brasme e é um filme com um clima tenso e um desfecho sensacional. Pode entrar na lista dos melhores finais que eu já vi em filmes. Na história, após duas garotas se conhecerem na escola, a relação entre elas vai sendo transformada e o limite de sua liberdade vai se confundindo com a amizade. Charlie (Joséphine Japy) tem 17 anos e possui uma vida tranquila na escola até que surge Sarah (Lou de Laâge), animada e muito segura de si. Elas viram melhores amigas, começam a conviver demasiadamente juntas e compartilhar momentos e segredos. Até aí podemos identificar diversas situações semelhantes no mundo real. Mas a chave aqui são as consequências. O filme foca na amizade que é formada e nas atitudes de cada pessoa perante o limite que é atingido, principalmente o limite da tolerância. Discute como relações íntimas de amizade e dependência podem ser boas somente até certo ponto e o quanto, de fato, não conhecemos o outro tão bem quanto pensamos conhecer.
É um dos grandes dramas do cinema francês, com boas atuações e uma grande direção sobre um roteiro envolvente e surpreeendente. No final, alguns espectadores vão ficar sem ar, outros vão respirar melhor. Experimente e diga como foi contigo. Com nossa protagonista sofrendo de asma e com a última cena do filme, podemos dizer que há uma forte coerência do título com o resultado. Então, respire fundo até lá!

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Fontes:

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Que mal eu fiz a Deus? (França, 2014)

Eu indico
Qu'est-ce qu'on a fait au Bon Dieu? (França, 2014)

O casal Verneuils tem quatro filhas. Católicos, conservadores e um pouco preconceituosos, eles não ficaram muito felizes quando três de suas filhas se casaram com homens de diferentes nacionalidades e religiões. Quando a quarta anuncia o seu casamento com um católico, o casal fica nas nuvens e toda a família vai se reunir. Mas logo eles vão descobrir que nem tudo é do jeito que eles querem. Dirigido por Philippe de Chauveron.

Uma divertida bofetada no preconceito:
A convivência com diferentes raças é uma situação até hoje curiosa, observada por muitos estudiosos. Também é uma temática na qual muitos filmes abordaram, normalmente filmes dramáticos. Além disso, é algo que gera muito conflito. A França lança essa comédia - muito divertida, por sinal - que lida com a situação sem causar ofensas e consegue levantar boas reflexões, sem perder o humor. A França é um país que convive com diversas etnias, então o diretor aproveitou o cenário e conduziu o filme com criatividade para mostrar situações engraçadas, advindas dessa situação. Nosso preconceito, muitas vezes sutil e camuflado, acaba sempre aparecendo de alguma forma, como acontece com o casal Verneuils e sua família. O casal é católico conservador e, como uma maldição, suas filhas se casaram com homens de diferentes nacionalidades e religiões. É o suficiente para causar um mundo de confusões, caras feias, ofensas e brincadeiras. O esforço do casal em nome da harmonia familiar chega a ser engraçado, pois eles não conseguem deixar se ser transparentes e esconder o descontentamento. Mas até eles serão transformados nesse processo, para melhor.
O filme se destaca por mostrar que todos os personagens possuem algum grau de preconceito. Essa mistura de culturas na telona e os conflitos que aparecem com a convivência é bem interessante. Imagine um jantar de família com pessoas de tudo quanto é origem. Não há preferência por uma cultura específica, religião ou qualquer coisa. O lado bom e ruim de cada uma é manifestado e o recado é a boa convivência e um viva à diversidade. São mostradas as vantagens desse tributo à diversidade, o que podemos aprender com diferentes culturas e perceber como podemos nos identificar com alguém que parecia ser tão diferente.
As piadas não são ofensivas, apesar de que o filme consegue chocar, em seu propósito, e isso é bom. Os atores estão numa sinergia muito boa, com destaque para Christian Clavier, que interpreta o pai da família, Claude Verneuil. Desde a primeira cena ele é hilário com suas caras e bocas e mais ainda com seus comentários, além de uma grande atuação. Podemos dizer que é uma das melhores comédias dos últimos tempos, que consegue lidar com uma situação séria de forma criativa, causando reflexão e uma boa sensação no todo.

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Fontes: