Apresentação

Como cheguei aqui

Sempre gostei de indicar filmes e compartilhar informações, sensações e opinião pessoal sobre eles. A atividade cinematográfica é uma das minhas paixões. Optei aqui por indicar 3 filmes por mês, manifestando a minha opinião como um simples espectador, compartilhando algumas informações sobre os filmes selecionados. Espero que o resultado seja agradável para quem visitar.

Enquanto for interessante, estarei por aqui...


Cinema Paradiso (Itália/França, 1988)

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Desencanto (1945)

Eu indico
Brief Encounter (Reino Unido, 1945)

Laura (Celia Johnson) e Alec (Trevor Howard) se conhecem por acaso em uma estação de trem, quando ele remove um cisco do olho dela. Ele é médico, ela é dona de casa. Ambos são de classe média, têm meia-idade e são razoavelmente felizes em seus casamentos. Em pouco tempo passam a se encontrar todas as quintas-feiras, mas apenas como bons amigos. Gradativamente surge uma paixão mútua e eles continuam a se encontrar regularmente, apesar de saberem que este amor é impossível.

Desencanto:
Existem romances que vão além da relação perfeita, do amor incondicional e imortal entre um homem e uma mulher. Podem até lidar essa questão, porém apresentam algo a mais, muitas vezes questionando a nossa visão tradicional das relações. “Desencanto”, dirigido por um dos diretores que eu mais admiro, David Lean, é um filme bastante intimista, principalmente porquê é narrado por uma mulher, são os seus pensamentos de cada momento expostos ao expectador, de forma muito madura. Indicado ao Oscar de melhor diretor, roteiro e atriz (Celia Johnson).
Estamos diante de um romance proibido, porém tratado com muito cuidado, carinho e sinceridade pelo diretor David Lean, do ponto de vista da personagem de Celia Johnson. Baseado em uma curta peça teatral de trinta minutos, de Noel Coward, chamada "Still Life", a história nas telas ficou tão boa que é difícil de acreditar que, em 1945, um diretor conseguiu tal feito com um filme dramático e romântico indo além do seu tempo. Acabei lembrando de outro filme que encantou, As Pontes de Madison (1995), que assisti antes deste.
Laura, a protagonista que vai nos confessando o seu íntimo, vive uma relação extra conjugal, que a encanta, em seus breves encontros com Alex (aqui cabe o título original, “Breve Encontro”) ao mesmo tempo em que pesa, em seu íntimo, a culpa. Podemos perceber que Alec, o amante, também sente certo incômodo. Laura narra a história em flashbacks e presenciamos não somente os seus momentos de liberdade e satisfação nos encontros com Alec, mas principalmente a sua culpa e sofrimento pelo que está vivendo.
Fiquei contente em saber que este foi eleito o filme mais romântico de todos os tempos, segundo a revista britânica Time Out. Abaixo a lista para quem quiser conferir e garantir seus momentos, seja acompanhado ou não:
1. ‘Desencanto’ (1945), de David Lean
2. ‘Casablanca’ (1942), de Michael Curtiz
3. ‘Amor à flor da pele’ (2000), de Wong Kar Wai
4. ‘Noivo neurótico, noiva nervosa’ (1977), de Woody Allen
5. ‘Ensina-me a viver’ (1971), de Hal Ashby
6. ‘O segredo de Brokeback Mountain’ (2005), de Ang Lee
7. ‘Se meu apartamento falasse’ (1960), de Billy Wilder
8. ‘Neste mundo e no outro’ (1946), de Michael Powell e Emeric Pressburger
9. ‘Brilho eterno de uma mente sem lembranças’ (2004), de Michel Gondry
10. ‘Embriagado de amor’ (2004), de Paul Thomas Anderson

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Fontes:

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Holy Motors (2012)

Eu indico
Holy Motors (França / Alemanha, 2012)

Oscar (Denis Lavant) transita solitário em vidas paralelas, atuando como chefe, assassino, mendigo, monstro, pai... Mergulha profundamente em cada um dos papéis e é transportado por Paris e arredores em uma luxuosa limusine, comandada pela loira Céline (Edith Scob). Ele é um homem em busca da beleza do movimento, da força motriz, das mulheres e dos fantasmas de sua vida. Dirigido por Leos Carax.

Paris e o cinema:
A beleza do movimento... palavra essa, “movimento”, que deu origem ao nome “cinema” (do grego: κίνημα - kinema "movimento"). Esse filme representa o que é o cinema, através de várias cenas, suas facetas, seus gêneros e estilos (suspense, musical, ficção científica, drama, ação, etc). Tudo começa quando alguém acorda e passa por uma porta secreta vendo-se num filme. Esse alguém é interpretado pelo próprio diretor Leos Carax. A partir daí, ao longo de um dia, um homem, que é um ator, o Sr. Oscar, vai passar por Paris, desde os subterrâneos, parques, cemitérios, até o alto dos edifícios. A cada parada, o Sr. Oscar interpreta um papel diferente: um monstro nos esgotos nos remete a uma história do tipo a bela e a fera; em outro momento, um casal se reencontra no alto da velha loja de departamentos La Samaritaine (momento musical com Kylie Minogue), com o par de torres da Notre Dame ao fundo. A cada cena, Holy Motors homenageia Paris e o cinema.
Denis Lavant é o Sr. Oscar, ele está numa interpretação impecável, muito expressivo quando precisa e podado quando necessário. É um grande ator interpretando um grande ator em vários papéis. Genial! Cada interpretação é tão boa que fica até difícil caracterizar a pessoa em si, o Sr. Oscar, já que no momento seguinte ele está fazendo outro papel. A úncia forma é aproveitar os momentos de transição, quando ele conversa com Céline dentro da limusine, que o transporta de um local para outro. Talvez ele seja um ator brilhante, porém cansado de seu trabalho e de interpretar. Neste ponto talvez seja melhor olharmos para nós mesmos: somos cada vez mais atores nas nossas vidas. Seguimos uma fórmula como se fossemos máquinas e perdemos a própria identidade. Que bom que os filmes existem e nos permitem viver muitas vidas, como naquela frase que esqueci onde li e quem escreveu: “você não precisa ter experimentado de tudo na vida, mas sim ter visto os filmes certos”.

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Fontes:

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Águas rasas (2016)

Eu indico
The Shallows (EUA, 2016)

Nancy (Blake Lively) é uma jovem médica que está tendo de lidar com a recente perda da mãe. Seguindo uma dica sua, ela vai surfar em uma paradisíaca praia isolada, onde acaba sendo atacada por um enorme tubarão. Desesperada e ferida, ela consegue se proteger temporariamente em um recife de corais, mas precisa encontrar logo uma maneira de sair da água. Dirigido por Jaume Collet-Serra.

Blake Lively versus tubarão:
Podemo dizer que este filme foi uma grande surpresa. O trailer mostrou que se trata de uma premissa simples: quando é atacada por um tubarão branco e encurralada a poucos metros de distância da praia, Nancy precisa correr contra o tempo e usar tudo o que aprendeu para tentar sobreviver. Blake Lively está, na maior parte do tempo, sozinha no filme. Ou melhor, não está sozinha... o tubarão está lá implacável e insistente. Este animal, ao que parece, não é movido por sua fome, pois ele tem outros alimentos fáceis ali por perto. A questão parece ser psicológica, o orgulho ferido por não ter conseguido capturar sua vítima, uma simples garota sem armas, no primeiro ataque. O animal é imenso e insano a ponto de nos lembrar o do clássico Tubarão (1975), de Steven Spielberg. Alguns ataques chegam mesmo a lembrar do clássico.
A batalha entre os dois é o que garante nossa atenção o filme inteiro. O diretor Jaume Collet-Serra, responsável por outro grande filme - A Órfã (2009) - consegue criar várias situações interessantes dentro dessa simples proposta e num cenário pequeno. A personagem principal demostra raciocínio, conhecimento, inteligência e muita calma ao utilizar os objetos disponíveis, que são escassos, para se livrar de várias situações de perigo causadas pelo seu predador. Mas ela também é humana e, numa situação dessas, vai demostrar seus momentos de desespero e desamparo numa atuação memorável de Blake Lively. Não somente ela prova ser uma ótima atriz, como também se mostra uma beldade (sua beleza é alta) dentro de um paraíso natural (uma bela e pouco visitada praia no México). Só isso já seria uma desculpa para assistir ao filme. Sem contar que ela está quase o tempo todo de biquíni.
A cada momento, vamos nos surpreendendo com a criatividade da trama. A fotografia, muitas vezes alternando as cenas pela parte da superfície e por dentro d'água, junto com a qualidade do som (as ondas batendo nas pedras e na personagem) também soma ao resultado e ajuda a mostrar um realismo de dar um calafrio e, ao mesmo tempo, uma paz com aquele visual paradisíaco.
A nossa personagem, amante do surf, mostra que temos que fazer o que amamos, mesmo diante dos riscos. E que, muitas vezes, a ajuda não vai chegar e você, sozinho, terá que enfrentar o problema. Depois deste filme, quem tem medo de mar e tubarão vai ficar com mais medo ainda. Pelo menos aprendam a nadar!

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Fontes: